terça-feira, janeiro 12, 2010

Título desinencial.


Não sei decerto se faz três ou quatro meses que imaculada encontra-se minha caneta de escrita, mas faz também tempo que dei-me ao luxo dos meios contemporâneos para publicar as tais tolices, tais que compartilho de modo solidário com o paciente e insólito leitor de entranhas: talvez um acerto, que seja !

Dói-me o esquecimento de bons títulos, - clássicos, naturais, fascinantes - logo eu, o detentor (e ostentador) de belas palavras de ênfase estética e demais atributos de estilo, por ora tão inúteis, tão impotentes a um título ! Um mero título ! Mas falta não mais me faz, pois agora agradeço ao esforço relutante daquela senhora de crespo e acinzentado pêlo, a qual suou romanticamente para fazer reverberar a sintaxe em meu âmago. Se não me falha a memória, seu passo primário foi simples, depois deu-se composto até atingir o desinencial - "ora essa, mas ele não se anuncia como os anteriores!". A lógica é necessária, pálido e desafortunado leitor, e quero que a saque deste depósito de virtudes e a empunhe por ligeiro instante, já que hei de dar partida ao monólogo enfadonho a que submeto sua triste, e talvez enérgica, alma.

Talvez deteste superestimação, ou mesmo o caráter volátil de meu estado cognitivo, ou tema a ti mesmo, desafiador maldito de meu dia-a-dia, e não mais me sinta confortável dentro deste léxico caótico. Mas o que testemunho sem denotações maiores é que torna escasso o pouco fluido que me resta, destrói minha já degenerada consciência, tão pura e hoje tão contaminada pelo conjunto mundano de práticas, diferentes até de minha caneta virtual, é claro, maculadas de ódio e ferrugem.

Decerto pensa, enquanto lê esta turbulência instantânea, sobre as causas que tomo para redigir o que interpreta tu injúria gratuita; mas assumo que aqui me encontro para transformar a desinência em gratidão, pois, mesmo que se esconda na timidez geométrica da ausência crítica, meus rascunhos são desafios em batalhas épicas por seu intacto ego desapercebido e taciturno, e ironicamente alegro-me por ser ao menos letrado. Dá-se aí um título, se quiseres fazê-lo agora.

Não sei se por conveniência ou falha mental, mas, ainda que se queira categorizar o fenômeno que me acomete por desnatural desânimo, - frieza de metal nu que aflige noturnas criaturas fantásticas - giros em eixos diversos me tornam confuso e pouco cerebral, registrando em pedra maciça encontros e desencontros com aflição letal.

Súbito e dramático final esse que me traz à lembrança tempos de tuberculosos versando sobre mármores quase polares os quais cortejavam o sereno frio de noites sem nome, sem símbolo e sem importância.
"O que fizeram de ti, dos Anjos ?" - por que não toma este como provisório, leitor de entranhas ?

3 comentários:

  1. Primeiramente, por mais que seu marcador de comentários esteja desabitado, eu já havia comentado sobre este texto, ontem. n_n. E bem, como há uma quantidade considerável de indivíduos clamando por minha atenção no msn, não serei prolixa - naturalmente brilhante, Arthur ><.

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  2. hahahaha.Que diferença faria um general, meu caro?A cabeça necessita estar ali, mesmo que não seja bela e certa, certo? =D
    Sabe a palavra, não sabe? FODA!
    \o

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  3. Na verdade, ninguém detém as palavras. Elas nãp são nossas nem de ninguém. No momento em que você as escreve, elas não te pertencem mais. Elas são nossas apenas no exato momento em que as escrevemos. Depois, mesmo para nós mesmos, elas já parecem diferentes daquilo que se criou no momento primeiro.

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