domingo, outubro 25, 2009

Mediocridade Equitativa e Categórica.


Interessante - mas não próximo ao grau dos números - é contemplar estas reviravoltas casuais e irônicas que empreende o módulo social; atônito e apressado, mantive-me estático a perceber-me frente à superfície refletora dos medos e, não menos essencial, da face.

O espelho plano, segundo a professora de olhos fugazes e corpo dotado de flatulências, reflete virtualmente o que se encontra no plano real, mas eu, tolo aluno da extremidade direita da classe, era incapaz de assim ver, e tentei erguer o dedo lentamente para discordar do conceito estabelecido àquela senhora nos tempos acadêmicos - "Professora, tentou realizar na prática o que pediu a seu mestre que lhe explicasse ?", predizia eu em pensamentos. Presumo que não, e, ignorância vaidosa dos tempos atuais, a moça aderiu à triste filosofia, e o diabo que me lê também o faria se restrito fosse o acesso a este incondicional artigo, o qual surgiu a partir de um desprezível aborrecimento somado ao dever diário de pensar nos seres que ainda sobrevivem através das prosas medíocres redigidas por um estúpido humano (sim, um humano!) - contudo saiba tu, detetive de entranhas, que não há um único indivíduo que tenha sua linha da vida ligada às minhas orações mal colocadas, mas treino, maldito dia que chegará como cavalo em galope apressado, para o idealizado momento em que sentar-me-ei trás de uma máquina de escrever para dar segmento a contos e variáveis projetos literários, uma lástima estética !

Assumo antitética a última construção, mas sugiro que a tome como otimista, senhora (?), afinal, lástimas estéticas possuem lá seu encanto misterioso, extremamente subliminares eu diria, que apenas traduzidos poderiam ser pelo proferidor maldito de tais, mas não fujamos do regente geral, pois ele me atingiu, raio que parte ao meio o jacarandá adulto (rio-me, pois me veio à mente certo trocadilho), com certa brutalidade e rudeza.

A referida mediocridade, embora me falhe à memória sua real composição e propósito, mostra-se no mais familiar ambiente, aquele que dou-me ao luxo de frequentar diariamente, e o qual enfatizo adornado, a não dizer saturado, de hipócritas de variadas classes e intensidades : a escola. Em iguais doses, o teor equitativo representa belo balanceamento de necessidades, pois, como dizia já o senhor medonho que dispõe a língua ao contemplador de sua fotografia, tudo é relativo, e a necessidade da senhora que aceitou como certa a escassez da utilidade do espelho plano era manter-se simples e enviar ao lixo consciente a possibilidade de refletir sobre a ciência que agora, mais do que nunca, dizia-se conhecedora. Uma medíocre conhecedora, naturalmente. E dói-me ver categórica essa iniciativa, que, discreta e sagaz, abrupta e sigilosa, corrói os moldes mais belos do que poderia ser a profusão incontrolável dos valores e dos méritos mais desejáveis, além de ser futuramente responsável pela herança digna da nobreza conceitual - uma dádiva, em resumo !

Ababelado estou, confesso, com o núcleo e razão da escrita, mas como também diria a categórica e equitativa sutileza de outra mestra, que de medíocre passou distante, há determinadas oportunidades que tornam-se únicas e, por este mesmo motivo, apresentam mais expressivo valor, ao passo que outras, de variadas formas nos vêm possíveis e talvez não possuam tão considerável mensuração, e isso se reflete - voltam-me as memórias do maldito e subestimado espelho plano - em tal prosa, que ensinou a ti, caso tenha absorvido a mensagem real que dispus-me a transmitir, o erro cometido e a inutilidade da introspecção, que esconde e prolonga o que não lhe desperta interesse, senão a curiosidade instintiva do gato ao muro (vide Adiado.).

Rendo-me ao chamado afetivo, e encerro esta narrativa satisfeito com os resultados de minhas práticas reflexivas, podendo avaliar minha capacidade de externar a você, saprófita das letras, um seguro adeus.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Antípoda do dia é o choro.


A antípoda do dia é o choro, e dado à escrita bem cedo, tratei-me a contemplar bons autores, boas inspirações, boas técnicas, porém faltava-me sempre um ponto crucial, uma unidade, aquela medida exata e qualitativa, - e acho que isto se reflete em todo e qualquer diabo letrado que se preza - a dama.

Ainda infimamente atribuído às minhas prosas, creio ser o realismo o fabricante dessas negativas, meu elemento recai em uma desconsideração, minto, de rodeios e circunvoluções declaradas, - salvo o método romancista, que peca em seu módulo fantasista e aristocrata - um horror em desatino. No entanto, caso dessem-me a oportunidade de constituir esses escárnios hiperbólicos, descartando-se a missão de torturá-los com complexas filosofias, e distanciar à posteridade a compreensão do leitor, daí sim, saprófita derradeiro, poderia agregar as tais denúncias como fizera a fonte incessante da inveja que oxida minhas artérias, e glorifica as sociedades; o que, erroneamente, chamam gênio. Rio-me, e intensifico o jogo perigoso.

Dado o aborrecimento da véspera fria e silenciosa, do que talvez represente meu nascimento, tive-me em dois momentos a optar pelo efeito da narcolepsia. Quebrar tal momento lúcido e colher os oníricos fragmentos de minha ascenção social em delírio é mais lucrativo que empenhar-me em uma missão talvez duvidosa, dificulta e, em termos, inútil, pensava eu. Entenda, portanto, tu, leitor de entranhas, que a geratriz de um interrogatório inicia com um comentário sugestivo e algumas conveniências justapostas: a habilidade insensata de descobrir a face e consolidar sua identidade suja e saturada de treva, possivelmente agradável a um ou dois exemplares da mais incoerente natureza, uma lástima! Sugiro que essa natureza desperte lá o efeito de um prisma de refração, que redistribui a composição da luz em feixes que lembram-nos o arco-íris (e por que não registrar a tal natureza com este nome ?).

Não compreendo sua resistência, faminto leitor, às minhas vãs metáforas empregadas aos Números; eram estas essencialmente degenerativas e lúgubres, compostas de moldes mal feitos e de discórdia em acúmulo, um horror em desatino. A lógica propõe, ainda, a tendência literária ao mais perfeito equilíbrio, isto é, o abandono presente das armas imundas a que me disponho, para emprego de estilo impecável e roteiro virgem de imperfeições - talvez não seja eu um literato, portanto.

A ti arremesso, se ainda quiseres prosseguir nesta incolor breguice, as estruturas de mais instantânea fecundação (e talvez mais desprezível); uma tentativa ineficiente de conquistá-lo em tal página, mas com o pensamento na natureza citada e em seu exemplar de mais prestígio e sagacidade: arremessar é brando demais ao nível aqui utilizado, obrigo-o a digerí-la. Também confesso que desconheço o destino original do que seria um conto fugaz. O interesse pertence apenas a um leitor, e este deve abdicar o desamor e unir-se à composição integral do artigo, e por este motivo deixo cortejarem os demais a cegueira, a tácita névoa cognitiva e indubitavelmente a interrupção. E interrompo por imundície adotar.

Reluziam grandemente as primárias cores. Atiravam-me reflexos abruptos e violentos. O arco-íris imprevisível circundava agora os campos toscos de minhas frases elaboradas com conhecida espontaniedade, mas deixou-me só no período mais escuro da noite, e tremi de temor (sim!); ria-se agora, curioso contemplador das derrotas, e tenha a ti mesmo com admirável alegria, pois o pseudônimo que emprego teve-me como à mão de semear, e estúpido fiquei, alarmado, aguardando o que seriam os raios castos do sol de meu nascimento, uma dádiva à morte - vide O virtuoso fim.