terça-feira, setembro 29, 2009

O virtuoso fim.

Embora tenha anunciado um tempo não muito agradável à sensível íris daquele garoto, o dia nascia mesmo assim, carregado de raios em laranja, e talvez bem semelhante à tinta que tocava a água e se dissipava no frasco insípido das atividades da meninice, partindo do disco amarelo que resplandecia e contemplava, no infinito, a incondicional natureza. Bastava continuar tal narrativa se não houvesse o intenso soar de um despertador sob o travesseiro. Som agudo, derradeiro, de uma unidade já esquecida, porém suficiente para atrair o mau humor ao mais calmo ser humano, pondo que sonhava profundamente (e sabia viver as intempéries de um sonho!) com algo inestimável, talvez até com o futuro, que lástima!
Deu-se, portanto, ao trabalho de queimar o que escrevera no dia interior, isto é, uma abstração temática de sua mais nova estratégia: a maquiagem situacional - tão bela ciência que poderia ganhar centenas, quiçá milhares, de pesadas vaias, de pesados urros, selvagens ou hostis, que lástima!
Na lógica geral, aquele garoto deveria encolher-se e entregar-se ao pranto matinal: o mais frio e solitário choro, que mantivesse suas angústias em um ambiente externo, ou até mesmo em sã consciência, se essa existisse. Tomou a si a parafernália. Havia muito tempo que não tocava a caneta de escrita, e a somou ao papel com veemência, contornando um conto bárbaro, o horror.
A luz do sol alcançou seus olhos. A caneta perfurou seu pescoço latente. Seu conto se borrou de sangue: O virtuoso fim.

terça-feira, setembro 22, 2009

Números - a sequência filosófica.


Para desanimarmos de tal prosa, basta vermos a confusão de que se seguiu o conceito anterior, que tanto sugere um resquício da exata dose de inconformidade e carência, mas carrega consigo a caracterísitica enfadonha de suplicar e encolher por tamanha vontade de se sentir interessante ou, ao menos, apreciável. Não sou adepto à prosopopeia diária a estes, mas eis que apresento o instante em que ocorreu-me o que devo chamar de Teoria dos Números, uma aparente tolice para os que pouco apreciam tais devaneios, porém de grande valia aos necessitados de uma estrada rígida e retilínea, a qual poderá conduzir a uma estabilidade de caráter e humor os perdidos e desestruturados socialmente.
Convenientemente, tendo em vista o modelo que acabo de ressaltar, percebo meu retorno a um método pouco eficaz, mas que por anos tem sido meu estilo, e não inspirado em um clássico e renomado autor, mas desenvolvido por mera e sagaz necessidade de transmitir essas malditas memórias, que se dão partida por uma ideia fixa, e esta de um amigo, aquele mesmo a que dediquei um artigo - vide 'Omedetou' - o irmão. Viu-me quase morto por meus delírios, e deteve-se por salvar daquele antro de segregação o autor estúpido que escreve a ti, curioso e destemido leitor; ainda não sei se visitas estas breguices textualizadas para contemplar estados deploráveis do ser humano - e até penso em trocar o título deste blog para algo relativo à minha decadência, mas deixo isto para o fim próximo deste.
Como já explicitei o estado em me encontrava naquele dia de calor excessivo e discrepância ideológica, surgiu a mim tal alucinação, que não sou eu o primeiro a descrever, mas um dos; de forma contraditória, pondero ser inútil por ora, e talvez transporte a um anexo qualquer, em uma data qualquer, e por uma importância qualquer, pois assim estaria me afastando do núcleo proposto, que desta vez não ousarei desintegrar por nada, em respeito a meu leitor, o qual curioso ou oportunista deseja ler-me.

Esta medida filosófica que aplico aqui, em verdade, provém de Quincas, que herdou a propriedade de tornar científico o comum, e salientar o que é devido, claro, a vocês, mas com intensidade egocêntrica,pondo que felicito-me com a possibilidade de fazer, pelo simples fato de fazer, a teoria. Trocou comigo algumas dúzias de palavras aquele ser; apontou medos, causas, soluções; crendo eu que subestimava minha capacidade de transmutar em algo racional meu desprezível estado competitivo (e era competitivo), traçei três ou quatro rotas: queria mudar, precisava mudar, e ele, sutilmente, conhecia os meios, as causas e as consequências. E com a mesma sutileza, determinou o epicentro dos meus problemas; ria-se, leitor de entranhas, ria-se, eram os números, e aqueles que acompanhavam as avaliações escolares (maldita e bendita escola!).
Cuido que, a mim, fora uma evolução dinâmica: duas conclusões e uma modificação na conduta, mas acho que de tanto dar voltas para chegar ao fato em si, o abandono à filosofia deu-se concretizado (ou não!) - por que diabos não pode tentar o leitor fazer o que fiz, abdicando, caso tenhas a mesma paranóia que tive há três dias, e encontrar uma filosofia própria, utilizando os meios que me dispus a apoiar ? Seria belo, sem dúvidas ! No entanto, o fim.
O fim, fantástico, foi um literal peso deixado de lado, resguardado em meios aos outros tantos vestígios de delírio. Enfatizo, ainda, a existência de dez números, e a significação deles quando desconsiderados.

Não sei ter sido de grande ajuda, mas acho que tenho um artigo de crédito para compensar esse "lixo literário". Adeus, saprófita das letras.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Números - um primeiro parâmetro.


Destes que se desvencilham do objetivo real de uma página escrita, os números se apresentam como componentes demasiadamente alheios a toda a lógica aqui existente - se é que há alguma. Não sei ao certo se estou para analisar, julgar ou mesmo especular sobre tais "seres", mas é conveniente relfetir meus temores com os que passaram a conhecer meus oníricos fragmentos de alma e compartilhar também dos sentimentos negativos e transcendentais que me assolam, seja atual ou anteriormente; prossigamos com a análise.

Atacou-me uma postura indefinivelmente bela, - perdõem-me os adoradores do contexto literal, mas, por ora, esconderei-me em metáforas frias e mal construídas - que sobrepunha, periodicamente, a racionalidade de meus atos, bem como o propósito deles: um hábito. Não queira tu, faminto de letras, incorporar um hábito repentino, pois, quando vêm, tomam-te do equilíbrio psíquico e arrebatam-no do colo da justiça e do amor - salvo que os tenha por alguém ou por algo, naturalmente. E sendo assim, cuide, ainda, para que não se acomode nestes leitos da maquiagem rude e eficaz da dor muda, pois o que há de sofrer traz quatro letras no nome, e não sou eu o ditador deste enigma juvenil, e tampouco o mais beneficiado em resolvê-lo.

Ademais, não sei se atento está, caríssimo leitor, para continuar a compreender essa prosa que circunscreve os campos castos da literatura, mas, deduzindo que estás profundamente interessado nas dimensões aqui contidas, digo que desviei-me propositalmente do eixo central que descrevi com o título para tê-lo familiarizado com os pensamentos que me ocorreram durante a descoberta de tais elementos, até previsíveis demais: os números. Deste modo, o primeiro parâmetro não apenas introduz, mas os adapta e prepara para o que virá após, pondo que este módulo é irremediável ao meus dedos apressados, e minha iniciativa propõe mostrar a vocês o mesmo que vi, temperando com subjetividades e harmoniosos eufemismos, a fim de não reproduzir a dor que senti ao mergulhar no bruto viver do ser humano - algo que em nada difere de seu dia-a-dia, mas que diverge da interpretação corriqueira.
Envolva a importância e visualize meus verbos imperativos, que pertencem a um modo desprezível, mas essencial à rota que pretende seguir através desta leitura. O desrespeito bate à porta, adeus.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Diálogo.


Nos últimos que levei, tais como seis ou sete minutos, desenvolvi uma habilidade inusitada de conduzir as conversas ao meu rigor, contornando assuntos evitáveis, inúteis, e até mesmo aqueles que remetem à intimidade - que se encaixam nos evitáveis e inúteis, perdoem-me.
Ambas as garotas, postadas em formação de 'L', a contar comigo, descreviam relacionamentos bizarros e inconformidades conjugais, e eu, tolo como sempre, interessado em assinalar erros e a não praticá-los à dama que me escolher futuramente: um adolescente estúpido. O tempo passado me doía a mente, e meu livro, cujo autor limenho me hipnotizava, estava apreendido na sala de aula, clamando com suas milhares de palavras meu nome - "Arthur, Arthur, onde está você?" - e as garotas a narrar seus malfeitos às escondidas, bem como faço em distorcer trecho e meio desta crônica.

Aliás, pauso a narrativa para contar uma sandice que ocorreu-me hoje: a crônica. Jamais me interessei por descrições pouco elaboradas e tentativas de familiarizar o leitor com o fato em si, contudo, não sei por qual motivo, hoje me entreguei a analisar o diálogo da tarde quente e confusa, mas voltemos.

Após o chamado incessante do livro - se quiseres lê-lo, fica o nome: "Tia Julia e o escrevinhador" - retornei à realidade dos que me falavam. Apesar dos olhos trêmulos, que sempre foram, mas nada desatentos, alternava alguns comentários válidos, os quais se encarregavam de convencer as moças da existência de meu interesse integral pelos namorados e cerimônias. Como já citei minha transição volúvel de assunto, dei um salto olímpico por cima dos cônjuges e planos, para aterrisar em um solo infértil das profissões, estas mostrando-se além do terceiro plano de vida e se perdendo nos cantos incolores das prioridades, a se juntar ao amor-próprio (olha quem dizes), pff.
Confesso que julgo sem propriedade, e diriam as más línguas que ando pior que tais senhoritas, mas ignoro os monólogos enfadonhos e sigo adiante para o título.
É certo que meus comentários tenham atraído bons frutos. Uma delas tomou-me pelo braço, inexpressiva, e pôs-se a lamentar uma vida que quisera eu um dia ter - não mais. Enfim, do restante o leitor deduz por si: um cheiro no pescoço e a nostalgia do passado, meia dúzia de elogios e.. não, nada de ósculo por hoje, apenas retornei ao meu carente livro e pus-me a desbravar a terra virgem da literatura (eu era o primeiro a alugar o livro na biblioteca, saudem-me!).

quarta-feira, setembro 16, 2009

Item: espectro.

Não compreendo deveras o meu sumiço, por isso submeto-me a implorar ao paciente leitor que não abandones o perfil solidário de quem escreve, uma vez que em momento algum tirei-os da mente serena e ansiosa: uma idéia fixa.

Embora tudo tenha conspirado para tal decepção literária, pus-me a atrair novos componentes conceituais, mas nada que realmente impulsionasse minhas utopias diárias de ser o grande mentor e ícone da arte gráfica contemporânea (e ao mesmo tempo antiquada - palavra!). Conscientemente, contemplei o avanço de alguns, o retrocesso ao Arcadismo (em breve aqui constará) de outros e, convenientemente, minha dissolução em esforços inúteis e pouco reconhecidos, um suor dourado e tristonho, que mencionado em palavras arranca-me um soluço, ou dois. Definitivamente não convém atropelar a ordem natural das coisas, e tampouco iniciar lúgubre depoimento, mas confesso, senhora, és refúgio, és minha ponte ao otimismo. Não obstarei se vindes a acusar minha inspiração, pois isso se faz ao mais atento e ordenando sentido, salvo senso comum: a confusão ou demência.
Este item se encerra pela falta de tempo, um sinal recorre aos meus ouvidos: a hora de partir. Retorno em breve, trazendo alguma segregação com meu ser. Adeus ~