Embora tenha anunciado um tempo não muito agradável à sensível íris daquele garoto, o dia nascia mesmo assim, carregado de raios em laranja, e talvez bem semelhante à tinta que tocava a água e se dissipava no frasco insípido das atividades da meninice, partindo do disco amarelo que resplandecia e contemplava, no infinito, a incondicional natureza. Bastava continuar tal narrativa se não houvesse o intenso soar de um despertador sob o travesseiro. Som agudo, derradeiro, de uma unidade já esquecida, porém suficiente para atrair o mau humor ao mais calmo ser humano, pondo que sonhava profundamente (e sabia viver as intempéries de um sonho!) com algo inestimável, talvez até com o futuro, que lástima!
Deu-se, portanto, ao trabalho de queimar o que escrevera no dia interior, isto é, uma abstração temática de sua mais nova estratégia: a maquiagem situacional - tão bela ciência que poderia ganhar centenas, quiçá milhares, de pesadas vaias, de pesados urros, selvagens ou hostis, que lástima!
Na lógica geral, aquele garoto deveria encolher-se e entregar-se ao pranto matinal: o mais frio e solitário choro, que mantivesse suas angústias em um ambiente externo, ou até mesmo em sã consciência, se essa existisse. Tomou a si a parafernália. Havia muito tempo que não tocava a caneta de escrita, e a somou ao papel com veemência, contornando um conto bárbaro, o horror.
A luz do sol alcançou seus olhos. A caneta perfurou seu pescoço latente. Seu conto se borrou de sangue: O virtuoso fim.
A luz do sol alcançou seus olhos. A caneta perfurou seu pescoço latente. Seu conto se borrou de sangue: O virtuoso fim.
Neste texto, é interessante a interação entre narrador e personagem. Diferente de Machado de Assis que, em suas obras, o narrador se comunica com leitor analisando a situação da personagem, vocÊ colocou uma empatia de reações e emoções com esta, não deixando a comunicação com o leitor.
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