Nos últimos que levei, tais como seis ou sete minutos, desenvolvi uma habilidade inusitada de conduzir as conversas ao meu rigor, contornando assuntos evitáveis, inúteis, e até mesmo aqueles que remetem à intimidade - que se encaixam nos evitáveis e inúteis, perdoem-me.
Ambas as garotas, postadas em formação de 'L', a contar comigo, descreviam relacionamentos bizarros e inconformidades conjugais, e eu, tolo como sempre, interessado em assinalar erros e a não praticá-los à dama que me escolher futuramente: um adolescente estúpido. O tempo passado me doía a mente, e meu livro, cujo autor limenho me hipnotizava, estava apreendido na sala de aula, clamando com suas milhares de palavras meu nome - "Arthur, Arthur, onde está você?" - e as garotas a narrar seus malfeitos às escondidas, bem como faço em distorcer trecho e meio desta crônica.
Aliás, pauso a narrativa para contar uma sandice que ocorreu-me hoje: a crônica. Jamais me interessei por descrições pouco elaboradas e tentativas de familiarizar o leitor com o fato em si, contudo, não sei por qual motivo, hoje me entreguei a analisar o diálogo da tarde quente e confusa, mas voltemos.
Após o chamado incessante do livro - se quiseres lê-lo, fica o nome: "Tia Julia e o escrevinhador" - retornei à realidade dos que me falavam. Apesar dos olhos trêmulos, que sempre foram, mas nada desatentos, alternava alguns comentários válidos, os quais se encarregavam de convencer as moças da existência de meu interesse integral pelos namorados e cerimônias. Como já citei minha transição volúvel de assunto, dei um salto olímpico por cima dos cônjuges e planos, para aterrisar em um solo infértil das profissões, estas mostrando-se além do terceiro plano de vida e se perdendo nos cantos incolores das prioridades, a se juntar ao amor-próprio (olha quem dizes), pff.
Confesso que julgo sem propriedade, e diriam as más línguas que ando pior que tais senhoritas, mas ignoro os monólogos enfadonhos e sigo adiante para o título.
É certo que meus comentários tenham atraído bons frutos. Uma delas tomou-me pelo braço, inexpressiva, e pôs-se a lamentar uma vida que quisera eu um dia ter - não mais. Enfim, do restante o leitor deduz por si: um cheiro no pescoço e a nostalgia do passado, meia dúzia de elogios e.. não, nada de ósculo por hoje, apenas retornei ao meu carente livro e pus-me a desbravar a terra virgem da literatura (eu era o primeiro a alugar o livro na biblioteca, saudem-me!).
As histórias (ou estórias) por vocÊ desenvolvidas e/ou geradas são ótimas. As crônicas, como tipologia textual mais passível de mutações, revela-nos as novas dimensões das banalidades vitais, sendo assim, as nossas experiências ou aquelas que perfilhamos tornam-se evidentes e claras. Sua contemporaniedade e, ao mesmo tempo, engajamento estão a níveis extremamente satisfatórios, como também o aspecto sintético da construção. Parabéns. Só um conselho inútil de um leigo em questões de narrativa: Tente usar uma linguagem mais informal neste estilo e tipo de texto (só neste). Este recurso aproxima o autor/narrador do leitor, estabelece relação de intimidade, acrescenta credibilidade aos fatos.
ResponderExcluirPresente!
ResponderExcluirEu já ia assinalar falta. <3
ResponderExcluirEu ainda não tinha lido esse, devo ter pulado sem querer.Fantástico,Arthur =D.Realmente horrorshow meu druguinho.Até amanhã.
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